Ana
Eu já não sentia mais as mãos. Tanto puxar, empurrar, bater… meus dedos estavam vermelhos, latejando. A porta simplesmente não abria. E quanto mais eu forçava, mais parecia que o espaço encolhia, como se o próprio avião tivesse decidido me engolir.
Meu peito subia e descia rápido demais. O ar estava quente, pesado, grudando na minha pele. Eu tinha certeza de que, em questão de minutos, ia começar a surtar de vez.
— Abre, desgraça… abre! — resmunguei, batendo de novo com a palma da mão.
A porta nem se mexeu. A maçaneta girava, mas não destravava. O nó na minha garganta cresceu, junto com aquela sensação horrível de impotência. Não era só medo de ficar presa. Era a vergonha também. Se alguém aparecesse e me visse assim, ia ser o fim.
Fechei os olhos com força, quase tremendo. E foi patético, mas eu comecei a rezar.
— Por favor… me tira daqui… qualquer coisa, só me deixa sair… — murmurei, baixinho, como se Deus tivesse tempo de lidar com uma maluca presa num banheiro de avião.
Quand