Ana
O cheiro do jantar invadiu a casa antes mesmo de eu sair do quarto.
Era um negócio sério — tipo restaurante caro, não “comida de sobrevivente de tempestade”.
Desci animada, e encontrei Marlene, a chef de Lex, com um sorriso de quem sabia o poder do próprio tempero.
Ela mexia em panelas como se estivesse tocando piano.
A mulher era uma obra de arte viva — avental branco, coque no alto, postura impecável.
— Boa noite, mocinha. — ela me cumprimentou, mexendo um molho dourado que parecia brilhar.
— Nossa… que cheiro é esse? — perguntei, praticamente hipnotizada.
— Filé ao molho de manteiga e alecrim. — respondeu como se dissesse “arroz com ovo”, sem o menor esforço.
— Eu amo alecrim! — menti descaradamente, porque na verdade eu nem sabia o gosto direito.
Marlene sorriu de canto, como quem já identificou a mentirosa da mesa.
— Parabéns pelo novo trabalho. O Lex comentou.
Olhei pro lado, e ele apareceu encostado na porta da cozinha, braços cruzados, camisa preta, sorriso preguiçoso.
— E