Ana
O café nem tinha esfriado e eu já estava na porta, com uma energia que só quem passou a noite dormindo do lado de um homem bonito e sobreviveu sem surtar podia ter.
Peguei a bolsa, o guarda-chuva (trauma é trauma), e respirei fundo antes de encarar a rua.
O sol estava lá — todo arrogante — brilhando como se nada tivesse acontecido.
A cidade ainda meio molhada, cheiro de chuva misturado com cheiro de esperança.
“Hoje é o dia, Ana. Hoje você vai arrasar.”
Eu falando sozinha de novo. Mas sinceramente? Melhor do que admitir que tava morrendo de medo de fracassar.
Primeira parada: uma loja de roupas chiques.
Entrei sorrindo, tentando parecer confiante.
A moça do balcão me olhou de cima a baixo com a simpatia de uma porta trancada.
— Olá! Eu vi que vocês estão contratando... — comecei, forçando um sorriso.
— Experiência? — ela cortou.
— Então… eu tenho muita vontade de aprender!
— A gente precisa de experiência. Próximo.
Fiquei ali, parada uns segundos, fingindo que tava só “olhando as