Ana
O dia estava indo, até, que bem demais pra ser verdade. Café cheio, pedidos saindo, clientes elogiando… até a Tamar parecia mais calma. E quando ela estava calma, era como ver um arco-íris duplo depois da tempestade.
Mas é claro que minha sorte não dura nem meio turno.
Tudo começou quando o motoboy — o gênio da logística — errou a entrega de um cappuccino com canela e mandou um mocha com chantilly. A cliente surtou, ligou pra cafeteria, e Tamar quase teve um infarto de raiva.
— Quem separou esse pedido?! — ela gritou, batendo a mão no balcão.
Antes que eu pudesse dizer qualquer coisa, o motoboy, o covarde, abriu a boca:
— Foi a novata, chefe. Ela me entregou o pedido errado.
Fiquei sem ar por um segundo.
— O quê?! — soltei, indignada. — Eu separei direitinho, tava até com o nome da cliente colado!
Tamar levantou a sobrancelha, cruzando os braços.
— Então o copo andou sozinho até a bolsa do entregador?
— Eu juro, Tamar, eu—
— Chega, novata. — Ela levantou a mão, me cortando no meio