Ana
Eu passei a semana inteira com o celular na mão, mas sem coragem de encostar no botão verde. Era como se cada toque que vinha me lembrasse do erro mais estúpido que eu já tinha cometido na vida: beijar o Lex sem pensar.
Na segunda-feira, a tela piscou com o nome dele. “Lex está ligando.” Eu vi. Eu ouvi. Eu tremi. Mas não atendi.
Na terça, veio de novo. “Lex está ligando.” Eu já sabia o toque de cor, podia jurar que até o coração dele pulsava junto com o meu naquele som insistente. Ignorei de novo.
Na quarta, ele tentou mais uma vez. E na quinta também. Em alguns momentos, o telefone ficava mudo, mas logo depois vinha uma mensagem dele. Curta, direta, como se tentasse não me pressionar.
“Preciso falar com você.”
“Está tudo bem?”
“Ana, me liga quando puder.”
Eu lia todas. E apagava como se isso fosse apagar também a vergonha que me queimava por dentro. Mas não apagava.
Na sexta-feira, eu já tinha um ritual: celular no silencioso, virado pra baixo, como se isso fosse me proteger. O p