A moto

Ana

Cheguei em casa tarde. Tarde do tipo “nem os grilos aguentaram ficar acordados”. Minhas pernas pareciam de cimento e o cheiro de café queimado ainda grudava em mim. Juro que, se eu fechasse o olho por dois segundos, dormia em pé. Empurrei a porta, quase tropeçando no tapete da entrada, e comecei a resmungar sozinha, do jeito que sempre faço quando tô morta de cansada:

— Amanhã essa tal de Tamar vai engolir o orgulho dela quando ver o brilho daquele chão... — falei baixinho, tentando convencer a mim mesma que tudo aquele esforço ia valer a pena.

Mas quem eu tava querendo enganar? Eu passei o dia inteiro esfregando mesa, lavando copo, limpando o banheiro do café (até que parece justo, eu também colocaria outro novato no meu lugar pra limpar o banheiro), e ainda levei bronca porque “a espuma do cappuccino ficou torta”.

Se aquilo era um emprego de teste, eu devia estar participando de uma olimpíada de paciência.

Joguei a bolsa no sofá, suspirei e... tomei um susto.

Lex tava ali. Dorm
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