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💔 Capítulo 3 – O Peso da Verdade

O céu sobre Istambul amanheceu pålido, como se refletisse a confusão que queimava silenciosa no peito de Defne Topal. A cidade parecia se mover em cùmera lenta, mas o tempo dentro dela corria råpido demais.

O plano começava a desmoronar por dentro. O que antes era estratĂ©gia, agora ganhava textura emocional. Cada palavra trocada com Ömer, cada olhar sustentado por mais de trĂȘs segundos, deixava Defne mais prĂłxima de um abismo que nĂŁo sabia se deveria atravessar.

Na empresa, o clima também mudara. Pamir ocupava os espaços com naturalidade provocadora. Durante as reuniÔes, ele lançava comentårios envoltos em ironia, e mesmo os elogios pareciam calculados para desestabilizar.

— VocĂȘ tem potencial, Defne. — disse ele, apĂłs uma sugestĂŁo dela sobre a campanha nova.

— Só precisa deixar de ser tão... obediente.

Ela desviou o olhar. Pamir enxergava demais. E talvez soubesse — ou suspeitasse — do que ela realmente fazia ali.

Mas o que mais a preocupava era Ömer. Ele observava tudo com o semblante calmo e os olhos inquietos. Estava mais reservado do que nunca, como se algo em seu universo estivesse se rearranjando.

Uma tarde, apĂłs a Ășltima reuniĂŁo do dia, Ömer a chamou para a sala de design — um espaço que ele raramente compartilhava com alguĂ©m.

— Quero te mostrar um modelo novo — disse ele, sem expressão.

Sobre a mesa, havia um esboço inacabado de um sapato feminino: clássico, elegante, mas com um detalhe inesperado — uma pequena tira vermelha em contraste. Intensa. Desafiadora.

— O vermelho Ă© estranho pra vocĂȘ.

— observou Defne, curiosa.

— É.

— ele respondeu.

— Mas Ă s vezes, o que Ă© estranho... Ă© o que faz a gente parar de fingir controle.

Ela respirou fundo.

— Ömer... — começou, mas ele a interrompeu.

— Eu não sou bom com pessoas. Sou melhor com ideias.

— Ele desviou o olhar. — Mas vocĂȘ
 vocĂȘ bagunça isso. E eu nĂŁo sei se isso Ă© bom ou perigoso.

Defne queria dizer a verdade. Tudo. Ali, naquele instante. Mas o medo de perder o pouco que havia conquistado travou sua garganta.

— Eu nĂŁo sou o que pareço ser — foi o que conseguiu dizer, entre silĂȘncio e culpa.

Ele franziu a testa.

— NinguĂ©m Ă©. Mas vocĂȘ estĂĄ mais confusa do que deveria.

Naquela noite, Defne voltou para casa com os pensamentos em turbilhĂŁo. Pegou o celular e digitou uma mensagem para Neriman, mas nĂŁo enviou.

Ela estava prestes a desistir do plano. Ou de si mesma.

O que aconteceria se Ömer descobrisse tudo? E o que aconteceria se ele nunca soubesse
 mas ela nunca o esquecesse?

E enquanto Istambul dormia, Defne chorava no sofá, com um croqui vermelho nas mãos — aquele detalhe no sapato parecia o grito silencioso de tudo o que ela queria dizer. Mas ainda não podia.

A manhĂŁ seguinte chegou com um aviso silencioso: Defne acordou com o celular vibrando insistentemente. TrĂȘs chamadas perdidas de Neriman e uma mensagem curta — quase uma ordem.

“Nos encontramos hoje. Urgente.”

Defne já sabia que os momentos de paz tinham prazo curto. Desde o encontro com Ömer na sala de design, sua mente girava em círculos. O sapato vermelho, a confissão parcial, os olhos dele que pareciam querer decifrá-la — tudo isso a deixava mais vulnerável do que a missão permitia.

No cafĂ© da tarde, em um restaurante discreto em Beßiktaß, Neriman estava impaciente.

— VocĂȘ estĂĄ se perdendo. — disse, sem preĂąmbulo.

— Ele te confunde? Lembre-se: a missĂŁo Ă© sobre dinheiro. Foco.

Defne apertou a xícara entre os dedos, quase como se pudesse extrair força do calor do chå.

— Ele nĂŁo Ă© como eu pensava — respondeu.

— E talvez eu tambĂ©m nĂŁo seja.

Neriman encarou-a com olhos afiados.

— EntĂŁo descubra quem vocĂȘ Ă©. RĂĄpido. Porque se Ömer descobrir antes... tudo explode.

Na empresa, Defne tentava manter a rotina. Mas o olhar de Ömer, sempre atento, parecia escavar verdades que nem ela entendia direito.

— Está tudo bem? — ele perguntou num corredor vazio, com voz baixa.

— Está... só um pouco de dor de cabeça — mentiu ela.

Ele nĂŁo respondeu, mas estendeu um pequeno frasco de Ăłleo essencial.

— Funciona. Eu uso quando as ideias viram labirinto.

Ela sorriu, surpresa. Ele não era fácil — mas quando abria frestas, dizia tudo com gestos sutis.

Naquela tarde, o inesperado: Serdar, o fotógrafo da campanha, se envolveu num escùndalo com uma modelo e a notícia se espalhou, ameaçando o cronograma do lançamento.

Pamir, sempre atento Ă  oportunidade, sugeriu uma coletiva emergencial. E quem ele escolheu para falar Ă  imprensa? Defne.

— VocĂȘ Ă© boa sob pressĂŁo. Mostre isso. — disse, com um sorriso que mais parecia provocação.

Na sala de imprensa, os flashes estouravam como tiros. Defne falou com firmeza, com um sorriso treinado, mas por dentro, tudo tremia.

Enquanto saía da coletiva, Ömer a esperava do lado de fora.

— VocĂȘ foi impressionante lĂĄ dentro.

— Obrigada
 — disse ela, mas ele não a deixava sair pela porta fácil.

— SĂł me diga
 vocĂȘ estĂĄ aqui por escolha ou obrigação?

Ela o encarou. Naquele momento, entre escĂąndalos e olhares, o mundo parecia ter parado.

— Estou aqui porque... algo em mim quis estar.

Naquela noite, Neriman ligou.

— Boa performance. Mas chegou a hora de elevar o jogo. Quero provas de que vocĂȘ pode controlar Ömer. Ou... o plano muda.

Defne desligou sem responder. E pela primeira vez, considerou nĂŁo seguir ordens.

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