O tempo passou, mas as marcas permanecem – não como cicatrizes, mas como tatuagens silenciosas que contam histórias para quem souber lê-las. Defne não se tornou o que esperavam dela. E, no fundo, agradece. Aprendeu que o mundo é cheio de moldes que tentam espremer a alma até ela caber em formas que não lhe pertencem. E mesmo quando quase se deixou convencer por essas estruturas, havia algo nela que resistia. Era a fome de ser inteira. Inteira mesmo que confundissem isso com rebeldia, com excesso, com desmedida.
Na última página do caderno, escreveu em letras tortas – talvez de emoção, talvez de pressa – “Não sou o que esperavam. E isso me salva.” Não havia lamento ali. Havia libertação. Porque finalmente entendeu que ser diferente não é sinônimo de ser errada. Que seu modo de ver o mundo, suas pausas longas, seus silêncios que falavam alto, e suas escolhas pouco convencionais eram, na verdade, sinais de que estava viva. Viva de verdade. Não só existindo como se espera, mas vivendo com