O cĂ©u de Istambul estava rubro, quase dourado, como o couro envelhecido de um sapato esquecido numa prateleira â tempo e beleza, lado a lado.
Defne caminhava pelas ruas com passos firmes. No bolso do casaco, levava uma chave. Pequena, de ferro antigo. Era a chave do antigo atelier da mãe. Decidira reabrir o espaço. Não para resgatar o passado, mas para honrar o que não foi contado.
Na sede da empresa, os sons pareciam mais brandos. NĂŁo era silĂȘncio â era respeito. Yasemin organizava contratos com a leveza de quem sabe o peso que carrega. Serkan, agora mais confiante, apresentava os modelos da nova coleção: RaĂzes em Travessia. A fusĂŁo entre os traços parisienses e o coração turco.
Tudo tinha propĂłsito. Nada soava decorativo.
Numa tarde sem aviso, Ămer aparece do lado de fora do atelier.
Ele não carrega papéis. Carrega perguntas.
â Podemos falar?
Defne hesita. Depois, apenas caminha em direção ao fundo da loja. Ele a segue.
Dentro do espaço, ela mostra a peça que desenhou nos Ășltimos d