Inicio / Romance / Entre o Amor e o Contrato / 💣 Capítulo 4 – O Risco do Sentimento
💣 Capítulo 4 – O Risco do Sentimento

Defne jĂĄ nĂŁo sabia se continuava no plano... ou fingia que ele jamais existiu.

Desde a coletiva, desde o elogio estranho de Pamir, desde os olhares de Ömer cada vez mais demorados, tudo parecia diferente. O contrato invisível que ela carregava no peito começava a sufocar.

E entĂŁo, Neriman exigiu um novo passo.

— Quero que vocĂȘ o convide para jantar. Particular. Intimista. Faça ele confiar, faça ele desejar. Isso precisa andar, Defne! – disse, apertando uma taça de vinho como se controlasse o destino com os dedos.

— Ele nĂŁo Ă© manipulĂĄvel.

– respondeu Defne, a voz firme e baixa.

– E o que vocĂȘ quer
 nĂŁo acontece com fĂłrmulas.

— Então descubra a fórmula certa. Ou abandone a missão.

Defne saiu da casa com o coração em colapso. Ela não sabia se mentir para Ömer seria o maior erro — ou se não cumprir o plano seria condenar o irmão. E no meio disso tudo
 o que ela sentia já não cabia em categoria alguma.

Na empresa, o ambiente parecia carregado.

Sinan, sempre amigĂĄvel, percebeu o peso nos ombros dela.

— VocĂȘ anda diferente. Mais
 densa.

— Só pressão.

— Quer um conselho? Ömer nĂŁo sabe lidar com gente que muda de comportamento sem dar explicaçÔes. Se vocĂȘ estĂĄ balançando, seja direta. Ou prepare-se para a distĂąncia.

Ela assentiu. Mas como explicar a verdade quando essa verdade destruiria tudo?

Na tarde de sexta-feira, Defne tomou coragem.

Foi atĂ© a sala de criação. Ömer estava sĂł, desenhando algo sobre papel vegetal. Um sapato masculino com detalhes inesperados — elegante, mas com um zĂ­per oculto. Dualidade. Como ele.

— Eu queria te convidar pra jantar. Só nós dois.

— Jantar?

— Sim. Na minha casa.

— Isso Ă© comum para assistentes?

— NĂŁo. Mas eu tambĂ©m nĂŁo sou exatamente comum.

— Hum.

Ele não disse sim. Mas também não recusou.

O jantar foi simples: massa ao molho de iogurte turco, luz baixa, mĂșsica francesa no fundo. Ömer chegou pontualmente, vestindo blazer escuro e aquele olhar que parecia sempre dois passos Ă  frente de qualquer jogo.

— VocĂȘ cozinha? — Às vezes. — Esperava algo mais
 performĂĄtico. — Às vezes o simples Ă© mais verdadeiro.

Os dois comeram em silĂȘncio por alguns minutos, trocando olhares, sorrisos tĂ­midos. A tensĂŁo entre eles jĂĄ nĂŁo era hostil — era quente, frĂĄgil e vibrante.

E entĂŁo ele falou:

— O mundo todo estĂĄ tentando me empurrar para coisas que nĂŁo escolhi. E vocĂȘ, com sua bagunça... parece ter sido a Ășnica coisa que entrou sem pedir.

Defne tentou sorrir. Mas os olhos ardiam. O plano, o irmão, o contrato
 nada parecia importar naquele instante. Apenas ele. Apenas ela.

— Eu não entrei pra te enganar, Ömer
 eu juro.

Ele a olhou fixamente.

— Espero que nĂŁo. Porque se vocĂȘ mentir
 eu nĂŁo saberia como me recuperar.

E naquele momento, Defne soube: o risco jĂĄ nĂŁo era o plano. Era o sentimento.

No domingo pela manhĂŁ, Defne acordou com uma mensagem inesperada. Um nĂșmero desconhecido. Duas palavras: "EstĂĄ na hora." A tensĂŁo percorreu sua espinha como um fio gelado.

Ela sabia que era Pamir.

No cafĂ© da manhĂŁ, tentou agir normalmente. Preparou chĂĄ turco e torradas com tahine. Mas seus dedos tremiam ao passar manteiga. E Ömer notou.

— VocĂȘ estĂĄ diferente.

— Não dormi bem.

— Está com medo de mim?

Ela riu, nervosa.

— Medo? VocĂȘ nunca foi ameaça.

— Então do que tem medo?

Ela não respondeu. Porque não sabia se o maior medo era perder Ömer... ou deixar que ele a conhecesse por completo.

Na agĂȘncia, o clima era outro. Pamir estava lĂĄ, desta vez como consultor externo.

— Bom dia, senhorita Topal.

— O que vocĂȘ quer?

— A pergunta Ă©: o que vocĂȘ ainda quer? Porque estĂĄ deixando o tempo correr... e Neriman jĂĄ cogita trocar a peça.

Defne cerrou os olhos.

— Eu fiz tudo como mandaram.

— NĂŁo. VocĂȘ estĂĄ se apaixonando. E isso
 estĂĄ fora do contrato.

Durante uma apresentação de coleção, Ömer fez algo inesperado: deixou Defne liderar.

Ela falou sobre cores, tecidos e sensaçÔes. Sobre como moda nĂŁo Ă© sĂł estĂ©tica — Ă© memĂłria, Ă© desejo, Ă© proteção. E quando terminou, o olhar de Ömer nĂŁo era mais sĂł profissional. Era reverĂȘncia. Era afeto.

Mais tarde, na sala dele, ela perguntou:

— Por que me deixou apresentar?

— Porque precisava ver se confiava em vocĂȘ.

— E confiou?

— Pela primeira vez em muito tempo, sim.

Ela quis chorar. Mas sorriu. Porque aquele sentimento... jĂĄ nĂŁo cabia em dor.

No fim do dia, quando todos foram embora, Defne viu Pamir na porta.

— VocĂȘ estĂĄ ultrapassando todos os limites.

— Eu sou o limite. VocĂȘ sĂł se esqueceu.

— Se fizer algo contra ele


— Quem disse que quero feri-lo? Talvez eu sĂł queira provar que ele nunca te conheceu. E quando isso acontecer
 vocĂȘ vai perder tudo.

No elevador, Ömer surgiu. Olhou para ela, viu o rosto pálido.

— Está tudo bem?

— Não. Mas agora não dá pra fugir.

Ele se aproximou, acariciou o rosto dela como se aquilo fosse a Ășnica verdade segura.

— Então fica. Não foge de mim.

Ela o olhou — e pela primeira vez, quis contar tudo.

Mas o mundo que ela habitava não permitia confissÔes. Apenas escolhas. E cada uma delas era um fio entre amor e destruição.

 

Sigue leyendo este libro gratis
Escanea el cĂłdigo para descargar la APP
Explora y lee buenas novelas sin costo
Miles de novelas gratis en BueNovela. ÂĄDescarga y lee en cualquier momento!
Lee libros gratis en la app
Escanea el cĂłdigo para leer en la APP