O tempo passou sem pedir licença.
Isabelle, vestida sempre com tons neutros, tornara-se uma presença discreta nas reuniões empresariais que Claude exigia sua participação. Sentava-se ao lado do marido como uma boneca de porcelana que, embora intacta por fora, escondia rachaduras profundas por dentro.
As noites continuavam frias. E as madrugadas, mais longas. Claude, ora desaparecia para viagens suspeitas, ora voltava bêbado e raivoso. Mas agora, com mais frequência, fingia gentileza pública. Sabia que os olhos da mídia estavam sobre eles. Afinal, Isabelle era a herdeira de um dos maiores impérios da Suíça, e Claude... apenas o esposo ambicioso com um verniz de empresário respeitável.
Ela assinava documentos, às vezes sem ler, vencida pelo cansaço, pela culpa, pela dor. Claude sabia usar isso a seu favor. Outras vezes, ele nem se dava ao trabalho de pedir a assinatura: falsificava, com mãos hábeis e um advogado de confiança que jamais questionava.
A governanta Claire percebia que algo