O céu amanheceu em um tom opaco de cinza, tão sem vida quanto os olhos de Isabelle ao se encarar no espelho. Os cabelos escuros, ainda úmidos do banho, caíam lisos até o meio das costas, e seu rosto — sem maquiagem, sem expressão — refletia apenas cansaço. Cansaço de viver, de lutar contra a própria apatia, de carregar nos ombros o peso de um luto que mal tivera tempo de sentir.
Ao descer as escadas, Claire a aguardava com um leve aceno de cabeça e um café servido com esmero. Nada em sua vida era desleixado — exceto o próprio coração.
Claude já a esperava na biblioteca, com um sorriso forçado no rosto e uma pasta de couro repousando sobre a mesa de mogno. Tinha o olhar de quem já decidira tudo antes mesmo de qualquer conversa.
— Amor, os advogados prepararam os documentos. Formalidades. Precisamos manter o império funcionando — disse ele, arrastando as palavras com uma calma perigosa.
Isabelle sentou-se, ajeitando o tailleur grafite sem pressa. Olhou para os papéis que lhe foram esten