O fim de tarde em Maputo tinha aquela luz dourada que parecia maquilhar as feridas da cidade, escondendo por breves instantes tudo o que nela doía. Mel estava sentada na varanda do apartamento que partilhava com Luna, observando o céu mudar de cor. Desde o reencontro com Clara e a conversa reveladora no café, sentia-se como uma peça de xadrez a ser movida com cuidado — e os olhos do jogador inimigo estavam sempre sobre ela.
O telemóvel vibrou com uma mensagem inesperada:
“Precisamos falar. Estou à porta.” — Dário.
O coração de Mel disparou. Como assim? Ela nem sequer sabia que ele tinha tido alta.
Abriu a porta com relutância. Dário estava ali, elegante demais para quem tinha sofrido um acidente dias antes. Trazia flores numa mão e um olhar calculado nos olhos. Um sorriso simpático cobria-lhe os lábios, mas os olhos… os olhos denunciavam tudo.
— Surpresa — disse ele, estendendo-lhe as flores.
— Não esperava por ti hoje — respondeu Mel, recusando-se a sorrir.
— Achei que seria bom most