65. O peso do nome (Vicente)
O aroma do ensopado de carne espalhava-se pelo salão de jantar da Fazenda Monteiro de Alcântara, misturando-se à atmosfera densa e carregada que pairava sobre a mesa. Os talheres repousavam sobre os pratos, mas quase ninguém comia. O habitual burburinho dos almoços em família estava ausente, substituído por um silêncio incômodo e carregado de tensão.
Vicente mantinha a postura ereta à cabeceira da mesa, suas mãos descansando sobre a toalha bordada. O incêndio da noite anterior havia abalado a todos, e agora, com a manhã avançando e a poeira assentando, restavam perguntas sem respostas, olhares inquietos e o peso da responsabilidade sobre seus ombros.
A cadeira principal da mesa permanecia vazia, símbolo da ausência do patriarca. Mas não por muito tempo.
O ranger da porta ecoou pelo salão e, um a um, os olhares se voltaram. Joaquim Monteiro de Alcântara surgiu no vão da porta, apoiando-se na bengala, os traços marcados pela doença e pela idade. Sua pele, antes robusta, estava pál