Gabrielle está prestes a completar 21 anos e assumir o comando do império bilionário de seu pai. Mas com o controle do conglomerado vêm regras rígidas: ou ela cumpre todas as exigências ou verá o legado da família nas mãos de acionistas — inclusive de seu maior inimigo. Justo quando a pressão atinge o auge, Lucas Park, seu amigo de infância e primeiro amor, ressurge após dez anos de silêncio. Agora, Gabrielle precisa decidir entre seguir seus próprios sonhos de liberdade ou proteger o império que nasceu para liderar. Mas a reaproximação com Lucas desperta antigos sentimentos que ela acreditava ter superado — e confrontá-lo pode ser ainda mais perigoso do que perder o negócio. Entre amor e ambição, Gabrielle precisa escolher o que causará menos dano, mesmo que o preço seja seu próprio coração. Lucas, por sua vez, retorna ao país decidido a reparar o passado e reconquistar Gabrielle, mas se vê enredado por uma atração intensa e perturbadora que ameaça destruí-lo. Dividido entre a expectativa de seguir o caminho familiar e o desejo de descobrir quem ele realmente é, Lucas percebe que tanto a redenção quanto a obsessão andam lado a lado. Conforme ele e Gabrielle se aproximam, velhos amigos e novos segredos emergem, colocando não apenas a relação deles em risco, mas também suas vidas. No fim, Lucas precisa decidir: sucumbir aos próprios demônios ou proteger a única pessoa que sempre amou, mesmo que isso o destrua por completo. Enquanto o passado ameaça devorar o presente, ambos se veem obrigados a enfrentar uma pergunta: até onde estão dispostos a irem por seus objetivos — e será que o sacrifício valerá a pena?
Ler maisGabrielle Goldman Naquele instante, foi como se a luz celestial que ainda resistia em mim, aquela fagulha invisível que me impedia de me odiar por completo, fosse soprada e apagada pela minha própria consciência. Eu matei a centelha, com minhas escolhas, com meu silêncio, com minha covardia. E a partir daquele momento, mesmo que eu expurgasse todos os meus erros, mesmo que me ajoelhasse em sangue e lágrimas para pagar por cada pecado, eu soube que jamais seria bem-vinda no paraíso. Porque eu não era digna de redenção. Ele era. E mesmo assim, me escolhia. Ele colocou a mão no bolso e, sem dizer uma única palavra, retirou uma pequena caixa de veludo escuro, depositando-a na palma da minha mão com gentileza. O silêncio entre nós pesava como um luto não declarado, e eu senti, de imediato, que n&at
Gabrielle Goldman Era isso. Tudo o que ele sempre quis de mim: verdade. Não promessas, não juras eternas, não o que eu achava que precisava ser. Apenas... verdade. Apenas aquilo que eu jamais fui capaz de ofertar. Porque no final das contas, eu nem mesmo sabia o que era a verdade, já que cresci sendo alimentada por uma mentira. — Mas por hora... — ele disse, ao perceber que eu não abriria a boca — eu gostaria de finalmente profanar meu quarto. A transição foi tão típica dele que chegou a ser previsível, e mesmo assim, eu me deixei capturar. Aquele momento, que tinha tudo para se tornar constrangedor pela densidade silenciosa entre nós, foi invadido pela malícia característica com a qual ele costumava escapar de conversas desconfortáveis. Era como se tivesse um dom inato para red
Gabrielle Goldman Senti minhas pernas se moverem sozinhas, como se uma força invisível me atraísse para mais perto. Meus olhos estavam tão presos àquele cenário que não consegui registrar mais nada ao redor. Era uma pintura, e não uma qualquer. Ocupava toda a extensão da parede, do chão até o teto. E era, sem exagero, a coisa mais linda que eu já tinha visto em toda a minha vida. A imagem retratava um vale. Ao fundo, montanhas imponentes se erguiam sob um céu de aquarela, tingido com as cores suaves do amanhecer. Uma pequena floresta se estendia aos pés dessas montanhas, como uma barreira natural entre o mundo real e aquele paraíso inventado. No primeiro plano, um campo florido se abria com uma paleta vibrante: margaridas, lavandas, flores que eu nem sabia o nome. Tudo transbordava frescor, cor e uma pureza que me arrancou
Gabrielle Goldman Chamá-lo de orfanato me pareceu uma ofensa. Um erro imperdoável. Nada ali lembrava a frieza institucional dos lares que conheci apenas por fotos e relatos. Não havia burocracia na forma como aquelas imagens estavam dispostas, nem distância emocional no modo como os objetos da casa contavam suas histórias. A luz que entrava pelas janelas, o cheiro amadeirado da escada, o calor do toque de Emma e o som das crianças correndo no andar de baixo... Tudo gritava lar. Um lar de verdade. Um que não se comprava, nem se herdava. Um que se construía com presença. E então, ao alcançar o topo da escada, parei. Ali, pendurada em uma moldura gasta, feita de madeira rachada pelo tempo, estava a única foto que me paralisou completamente. Um menino entre oito e dez anos. Cabelos castanhos claros, cacheado
Gabrielle Goldman O vestido longo que usava era florido, com mangas bufantes e tecido rodado. Era uma mistura de doçura e força, de calor e firmeza, de ternura e precisão. Não aparentava ter mais do que cinquenta anos, talvez até menos, especialmente quando sorria com aquela sinceridade. E aquilo me incomodava. Porque eu não sabia por que ela sorria para mim daquele jeito. Porque ninguém que conhecesse minha verdade, nem mesmo fragmentos dela, poderia sorrir assim. Se Emma soubesse quem eu era de verdade, o que eu carregava, o que eu escondia… ela não teria me deixado entrar em sua casa. E foi aí que percebi o que realmente me perturbava, o medo de que ele tivesse contado a ela tudo. E ela, mesmo assim, tivesse me aceitado. Isso me despedaçaria mais do que qualquer rejeição. Porque talve
Gabrielle Goldman Porque enquanto ele me permitia ver sua essência, eu ainda me escondia atrás de uma fortaleza. Ele estava abrindo portas, derrubando muros, acendendo luzes e eu sequer tinha destrancado minha própria entrada. Eu ainda pesava tudo. Calculava cada palavra. Dizia o que era seguro, mostrava só o que não me comprometeria. E mesmo assim… ele me aceitava ali, no meio do mundo dele. E se eu ficasse mais um pouco? E se eu quisesse mais disso? E se, por um descuido, eu também me despisse, e ele visse a verdade sombria que havia em mim, será que ele ainda me olharia assim? A resposta me fugia, mas o medo de descobri-la era real. Não por ele, mas por mim. Porque se eu me entregasse… talvez nunca mais conseguisse voltar. — L'heure du déjeuner! — a
Último capítulo