O chiado das brasas morrendo no fogão a lenha era a única coisa que quebrava o silêncio daquela hora da manhã. A casa simples, de paredes de barro e telhas tortas, ainda estava envolta no frescor da madrugada, mas logo o calor tomaria conta, tornando o ar abafado e pesado.

Tereza estava sentada num banquinho baixo, os pés descalços roçando o chão de terra batida enquanto passava linha na agulha com paciência. Na beirada do colchão de palha, sobre um lençol já puído, um pedaço de tecido descansava, esperando ser transformado.

As mãos de Tereza eram ágeis e firmes, apesar dos calos que o trabalho insistia em lhe deixar. A cada ponto dado, a imagem bordada no tecido ia ganhando vida. Era uma flor, simples, mas cheia de detalhes delicados. Dona Matilde, a esposa do farmacêutico, sempre pedia toalhas bordadas para dar de presente, mas pagava pouco. Tereza sabia que as mulheres ricas podiam encomendar trabalhos como os dela em lojas sofisticadas, com fios importados, mas preferiam pagar b