[Narrado por Caio – o Muralha]
O mundo voou comigo nas costas.
Ferro. Fumaça. Sangue. A porra toda girando enquanto o destino cuspia fogo no meu cangote.
E ela.
Alana.
Grudada em mim como tatuagem. Como cicatriz. Como maldição que eu escolhi carregar mesmo sabendo o peso.
Eu virei no ar. Protegi o corpo dela com o meu.
Me fodi, claro.
Mas não era a primeira vez.
Já tinha me jogado de telhado, de vida, de promessa — e sobrevivi a todas. Não ia ser uma ponte de merda que ia me parar.
O carro velho amorteceu. O capô gemeu. A dor bateu seco nas costelas.
Ela caiu em cima de mim. Quente. Tremendo. Firme.
Ainda viva.
Eu abri o olho.
A primeira coisa que vi foi a cara dela. Cheia de ódio. Cheia de susto. Cheia de mim.
— “Foi suave.” — falei, como se a gente tivesse saído de um cinema, e não da beira da morte.
Ela me xingou.
Com gosto. Com razão.
E eu sorri.
Porque se ela ainda me xingava, é porque tava viva. E enquanto ela respirasse, eu continuava invencível.
Me levantei devagar, o corpo gr