O que acontece quando uma mulher ferida encontra alguém disposto a lutar por ela? Elise passou a vida tentando sobreviver. Carregava as cicatrizes de uma infância instável, de um ex que a destruiu por dentro e da solidão de quem aprendeu a não esperar nada de ninguém. Até cruzar o caminho de Trent — o presidente implacável do Ceifadores de Ferro MC. Um homem perigoso, marcado pelas próprias batalhas, mas que vê em Elise algo que ninguém jamais enxergou: força, coragem... e amor. Ele não foi o primeiro amor dela. Mas foi o mais intenso. O mais real. E talvez, o melhor. Entre segredos que sangram e sentimentos que queimam, Elise precisará decidir se confia nesse homem brutal que a trata como algo precioso — ou se continuará fugindo, mesmo sabendo que, desta vez, o amor pode ser exatamente o que vai salvá-la de si mesma.
Ler maisPONTO DE VISTA DE ELISE
"Anda logo, Troy, a gente precisa voltar antes que percebam." Termino de abaixar a saia do uniforme de garçonete do bar onde trabalho.
Troy coloca a camisa, ajeita o cabelo desgrenhado e me lança um sorriso. Tento sorrir de volta, mas meu estômago está embrulhado. Sei que, quando sair desse depósito, vou encarar os olhares dos outros funcionários. Olhares de pena. E nojo.
Ninguém sabe que estamos juntos há dois anos. Na verdade, ninguém sabe nem que eu existo fora daqui. Sou só a funcionária que, de vez em quando, desaparece com o chefe.
Antes que ele abra a porta, respiro fundo.
"Quando você vai me apresentar pra sua família como sua namorada?"
Troy congela. Me olha como se eu tivesse dito algo absurdo.
"Já falamos sobre isso, não falamos? Muito em breve você vai conhecer minha família."
Seguro a alça da saia com os dedos, tentando não parecer tão decepcionada.
"Muito em breve..." repito, com um sorriso vazio. "Você disse isso há seis meses, Troy. E eu ainda sou a funcionária que dorme com o chefe."
Ele ergue uma sobrancelha e ri, incomodado com meu tom.
"Ora, mas isso não deixa de ser verdade, não é? Sempre que precisa de dinheiro, eu dou."
Sinto o peito apertar. Dói ouvir assim, mesmo sabendo que ele não está errado. Desvio o olhar.
Troy suspira, ajeita a gola da camisa.
"Não começa com isso agora, vai. Você sabe que eu ajudo porque quero."
"Não é isso..." sussurro. "Eu só queria ser mais do que isso pra você."
Ele não responde. Me lança um olhar frustrado, abre a porta e sai como se nada tivesse acontecido.
Fico ali por alguns segundos, juntando forças pra sair. Mesmo depois de dois anos, ainda sou só uma garota que dorme com o chefe.
Ele me dá um beijo rápido na bochecha antes de desaparecer pelo corredor:
"Preciso voltar pro bar."
Aceno, forçando um sorriso que ele nem vê. Coloco uma caixa de cerveja contra o quadril, pronta pra sair, quando sinto o celular vibrar no bolso.
É minha irmã, Mel. Dez anos. Meu coração aperta.
"Mel?"
"Mana... a mamãe saiu de novo."
Fecho os olhos.
"Saiu pra onde?"
"Não sei... faz horas. Tô com fome, não tem nada pronto."
Coloco a caixa de volta. "Vou dar um jeito de ir aí, tá bom? Aguenta mais um pouquinho?"
"Consigo..." Mel hesita. "Mana... quando eu vou poder morar com você?"
A pergunta dela me corta. Respiro fundo.
"Mel, a mamãe ainda tem sua guarda. Eu não posso simplesmente te tirar de casa."
"Tudo bem. Tô te esperando."
Desligo. Passo as mãos no rosto e respiro fundo. Preciso cuidar da minha irmã.
No bar, Troy está ao telefone, rindo. Quando me vê, desliga.
"O que foi agora?"
"Preciso sair. Emergência na casa da minha mãe."
Ele suspira. "Vai cuidar da sua irmã de novo? Sua mãe deve estar bêbada por aí em Nova York."
Concordo, mordendo os lábios.
"Ela só tem dez anos. Está sozinha, assustada, com fome."
"Pode ir. Faltam dez minutos pro fim do seu turno."
"Obrigada."
Enquanto me afasto, percebo os olhares de outras funcionárias. Cochichos. Risadinhas.
"Era disso que eu estava falando." sussurro para mim mesma.
O salão principal do clube nunca esteve tão bonito. Luzes amareladas pendiam das vigas, flores brancas misturadas a rosas vermelhas formavam um caminho simples, mas cheio de significado. Foi minha escolha. Eu não queria nada que lembrasse aquela cerimônia sem alma que tive com Simon. Aquelas memórias permaneceriam no fundo do meu coração, onde deveriam estar. E era aqui, entre os Ceifadores, entre os nossos, que eu queria começar de novo. Caminhei com Maggie, Ceylan e Mel ao meu lado, só faltou Baby que não pode vir. Cada passo que eu dava, sentia o peso da história que me trouxe até ali... e também o alívio de finalmente estar livre dela. Meus olhos encontraram os dele assim que entrei no salão. Trent. Ele estava parado perto do altar improvisado, usando uma camisa branca dobrada nos cotovelos e o colete do clube por cima, limpo, imponente. O cabelo penteado pra trás, o olhar preso em mim. Atrás dele estavam Grave, Ivar, Cain e Doc, todos alinhados com seus coletes, parecendo um
PONTO DE VISTA DE TRENTSaímos do clube e caminhamos até o carro antes de entrar, me virei e encarei Elise.A expressão dela era serena, mas determinada. O olhar direto, firme. Não precisava perguntar duas vezes. Eu sabia que ela estava pronta. Que queria estar ali. E porra... isso significava muito pra mim.O café não ficava longe. Era na nossa cidade, discreto, mas conhecido. Tor já devia estar lá com os homens dele — e eu não esperava menos do desgraçado.Entrei no carro, e ao ajeitar minha perna senti o peso da mala sob meus pés. Armas. Frio, prático, necessário.Meu desejo era simples: que fosse rápido. Que bastasse uma conversa entre dois líderes, frente a frente. Sem tiros, sem vingança. Só um acordo. Um ponto final.Hoje... se tudo corresse bem, seria o fim de tudo isso.E depois disso, eu queria dar a Elise tudo. A cerimônia que ela merece. A porra de uma casa, o lar que ela nunca teve. Quero dar aos meus irmãos de clube paz. Quero que possamos respirar sem o gosto metálico d
Na manhã seguinte...PONTO DE VISTA DE ELISE Meus olhos se abriram devagar, e um suspiro escapou dos meus lábios antes mesmo de eu perceber. Instintivamente, minha mão se moveu para o lado, à procura do calor familiar. Meus dedos tocaram a pele quente e firme de Trent, e um sorriso suave tomou conta do meu rosto. Ali estava ele. Dormindo profundamente, o rosto relaxado, os músculos do peito subindo e descendo em um ritmo tranquilo. Fiquei apenas observando por alguns segundos, admirando aquele homem que era meu porto seguro. Então, fechei os olhos por um momento, e as lembranças da noite anterior começaram a surgir, ainda vivas em minha mente. Lembrei do jantar no clube que tivemos ontem a noite. A mesa cheia, o som das risadas misturado ao cheiro da comida de Maggie. Todos estavam reunidos, inclusive Grave, Ivar, Doc... Eu havia criado coragem e contado sobre a gravidez. A notícia pegou todos de surpresa, mas a reação foi melhor do que eu poderia imaginar. Vi orgulho nos olhos del
PONTO DE VISTA DE ELISETrent estava demorando e eu já tinha até trocado de roupa. E, por mais que eu tentasse me convencer a ficar no salão, quieta, meu coração acelerado me empurrava para outro lugar. Eu precisava ver Sabine. Precisava ver com meus próprios olhos que ela estava viva. Ela tinha salvado minha vida… e a do meu bebê.Olhei para Mel, aninhada no meu colo, ainda tremendo de nervoso. Lia estava sentada ali perto, parecendo mais calma do que eu esperava, considerando tudo. Aproximei-me dela."Lia? Você pode levar Mel para um dos quartos de hóspedes?"Ela ergueu o olhar e me deu um sorriso genuíno. O tipo de sorriso que a gente só consegue dar quando está tentando manter tudo inteiro por dentro, mesmo que esteja em cacos. Deve ter sido muito difícil para ela perder o irmão."Claro. Vai me ajudar a me distrair um pouco, na verdade. E ainda preciso encontrar o Scorpio… ele deve estar me procurando."Mel saiu do meu colo e segurou a mão de Lia. As duas sumiram no corredor, e, a
O portão do clube se abriu com um rangido metálico, revelando a garagem ampla dos Ceifadores de Ferro MC. O carro preto deslizou para dentro sob o barulho grave do motor, ainda com o cheiro de pólvora e fumaça impregnado no ar. Assim que paramos, Grave abriu a porta com pressa, nem esperou o carro desligar. Pegou Sabine nos braços como se ela fosse feita de vidro e saiu correndo em direção à ala médica improvisada no fundo do clube."Ela tá perdendo muito sangue!", ele gritou, a voz mais desesperada do que já ouvi qualquer Ceifador soar. "Alguém avisa o Kenny! AGORA!"Eu saí cambaleando do carro, os joelhos fracos. Trent segurou meu cotovelo com firmeza."Você tá bem, Amor?" ele perguntou, me analisando com os olhos atentos."Agora que estamos aqui... acho que sim. Só preciso tirar essa roupa para me sentir em casa", respondi, ainda sem acreditar que tínhamos saído vivos daquela cerimônia transformada em campo de guerra.Foi quando outro carro freou atrás do nosso. A porta traseira se
Então ele entrou.Trent.E logo atrás dele estavam os Ceifadores. Grave com seu jeito provocador. Ivar, com aquele olhar psicótico e letal. Cain e Doc caminhavam ao lado, compenetrados e alertas. Trent... meu Deus. Nunca o vi tão másculo, tão intimidador. Ele parecia um Deus grego saído de uma revista para mulheres — só que muito mais perigoso. Seus olhos me encontraram de imediato, e meu instinto era correr até ele, me jogar em seus braços e esquecer todo o resto.Eles se posicionaram nos bancos. Sabine estava do lado de fora, observando, talvez pronta para agir.Foi quando ele entrou.Tor.Alto. Forte. A pele tão pálida que parecia translúcida, e o cabelo era da mesma cor que o meu. Mas seus olhos... completamente negros. Era como encarar o vazio. Um frio percorreu minha espinha.Ele parou bem na frente do banco de Trent."Iron?"Trent ergueu o olhar, firme."Tor."Tor se sentou logo em seguida. O ambiente ficou ainda mais denso quando começou a tocar uma música estranha, que imagin
Último capítulo