[Narrado por Alana]
— “Não. Não, Caio. Isso não.”
Minha voz saiu cortando. Nem grito, nem súplica. Foi faca.
Ele congelou.
O braço ainda segurando o meu. O olhar… aquele olhar de quem já queimou cidade por bem menos.
— “Eu não vou contigo.” — repeti. Mais firme. Mais minha.
Os motores rugiam atrás da curva. Mais motos. Mais fúria. O céu começava a gritar também, com sirenes se misturando ao barulho da quebrada.
E aí veio ele — Julião — descendo o pente no último que tentou se aproximar.
Pum. Um corpo no chão.
Pum. Outro tentando engatinhar de volta pro inferno.
— “A gente não vai dar conta, Muralha!” — ele berrou, com a mão suja de pólvora e o rosto vermelho de adrenalina.
— “Vai virar massacre!”
O Muralha nem piscou.
Virou pra ele. Respondeu seco, cuspido:
— “Então vaza, porra!”
O som da palavra ricocheteou entre os prédios como ordem de execução.
— “Vai, Julião! Some daqui! Some antes que essa merda engula tu também!”
Julião hesitou por um segundo.
Só um.
Mas era tempo demais ali.
E