NARRADO POR MURALHA
(o dono do bunker e do próprio silêncio)
Saí do quarto antes que a voz dela tentasse justificar mais alguma coisa.
Nem bati a porta.
Nem olhei pra trás.
Só fui.
A verdade tava entalada na garganta, amarga como sangue velho.
E eu sabia: se ficasse mais um minuto ali, ou beijava… ou quebrava tudo.
Encostei na parede de fora do bunker. O concreto tava gelado. Mas nada mais frio que o que tava por dentro.
Encostei na parede do bunker com a cara virada pro nada e o peito rangendo de dentro.
O ar tava pesado, mas não era o clima. Era ela. Era a porra da presença dela que bagunçava tudo sem encostar em nada.
Fechei os olhos por dois segundos. Só dois. E já foi o bastante pra lembrar do sorriso dela com gosto de infância… e da farda dela com cheiro de traição.
Cuspi no chão.
Pra tirar o gosto.
Ou a memória.
Peguei o celular do bolso, disquei o número que meus inimigos nem sonham que existe.
Diguinho atendeu de primeira.
— “Fala.”
— “Preciso que tu assuma o alto do Conquist