A autora retornou com um brilho no olhar e uma história pronta para publicação.
Seu nome era Beatriz Teles, mas assinava apenas como Bia T., autora do aclamado "A casa entre os silêncios", um dos primeiros livros publicados pela Constela, cinco anos antes. Sua narrativa de autoficção sobre luto e reconciliação com a mãe havia emocionado leitores em todo o país.
Agora, Bia voltava com um novo manuscrito: "Os Filhos do Vento Não se Prendem". Uma história sobre crianças em situação de rua que se unem e formam uma “família de sobreviventes” que constrói um abrigo improvisado num teatro abandonado em Salvador.
Era lírico. Doloroso. Intensamente belo.
E... perfeito demais.
Davi foi o primeiro a levantar a sobrancelha.
— Aurora, tem algo nesse texto que me dá calafrios. E não do tipo bom.
— É exagerado?
— Não... é que é tão polido, tão cinematográfico, tão... estruturado. Parece mais roteiro do que relato.
Aurora leu com atenção. E entendeu.
A história de Bia era envolvente. Tinha arcos emoc