O lançamento de Cartas ao Invisível não era apenas mais um evento. Era um rito de passagem.
Dessa vez, não havia filas de adolescentes gritando pelos personagens de um drama passado, mas sim leitores mais atentos, mais emocionais, segurando os primeiros exemplares do livro com um respeito quase sagrado.
A capa simples, em tons de azul e dourado, trazia apenas uma ilustração delicada: dois bancos vazios em uma praça iluminada por estrelas. Não havia título na frente — uma escolha ousada, pensada para provocar curiosidade e respeito ao conteúdo.
— É como se o livro respirasse sozinho — comentou uma leitora durante a fila. — Como se já conhecesse a gente.
Aurora observava tudo em silêncio, os olhos marejados, o coração batendo como no primeiro recital de poesia da escola. Só que agora, ela não era só uma garota com uma caneta na mão. Era autora. Criadora. Mulher.
E Davi, ao lado dela, era mais que o ilustrador. Era o elo entre palavras e imagens, entre o coração dela e o mundo.
— Pronta?