O caderno novo estava ali, entre os dois, com a capa ainda limpa, cheirando a papel recém-aberto. Havia uma beleza silenciosa em uma página em branco. Também um medo — o medo de não estar à altura daquilo que já foi feito.
Aurora encarava a folha como se ela fosse uma porta, esperando o momento certo para cruzá-la.
— E se a gente não conseguir? — ela perguntou, virando-se para Davi. Estavam sentados no chão do pequeno estúdio, entre canecas de café e rabiscos espalhados como se fossem mapas de pensamentos.
— Conseguir o quê?
— Fazer outro livro. Dizer algo que ainda não tenha sido dito. Ser... relevante de novo.
Ele passou o polegar devagar pela lateral da folha.
— Talvez a gente não precise dizer algo novo. Só dizer do nosso jeito.
— Mas agora tem expectativa. As pessoas esperam algo tão bom quanto Entre Sombras e Estrelas.
— As pessoas esperam autenticidade. E isso, você tem de sobra.
Aurora suspirou, apoiando a cabeça no ombro dele.
— Tá pronto pra me ouvir reclamar de enredo duran