Davi não foi para a escola naquela segunda-feira.
Aurora passou o dia inteiro olhando para a cadeira vazia ao lado da dela, esperando que ele aparecesse com aquele sorriso torto e um desenho novo escondido no caderno. Mas não aconteceu.
Quando o sinal final tocou, o vazio dentro dela pesava mais do que a mochila nos ombros. Saiu sem falar com ninguém, atravessou a praça como quem atravessa um campo de batalha e foi direto até a casa dele. Bateu na porta, o coração disparado.
Foi a mãe dele quem atendeu, os olhos inchados e a expressão cansada.
— Oi, Aurora. Ele tá arrumando as malas.
— O quê?
— O pai dele... vai se mudar amanhã. E Davi decidiu ir junto.
Aurora congelou.
— Ele não me contou nada.
— Ele disse que ia esperar o momento certo. Mas... acho que não teve coragem.
Aurora subiu as escadas sem pedir permissão. Encontrou Davi no quarto, ajoelhado no chão, colocando camisetas numa mochila velha.
— Você vai embora? — ela perguntou, a voz embargada.
Davi se virou devagar.
— Eu ia te