O sábado amanheceu abafado, como se o céu estivesse prestes a explodir em trovões. Aurora acordou com a sensação de que algo a chamava lá fora — talvez a urgência de entender o que estava se desenhando dentro dela.
Ela se sentou na cama e ficou olhando para a parede. Ali, pregada com fita, ainda estava a foto antiga que tirou com Helena em um dos seus aniversários. Ela pensou em tirar, mas hesitou. Era parte da história, mesmo que agora doesse.
Desceu as escadas devagar, tentando não fazer barulho. Queria um pouco de silêncio, mas encontrou a mãe já acordada na cozinha, tomando café preto e encarando um jornal que ela claramente não estava lendo.
— Dormiu bem? — a mãe perguntou, sem desviar os olhos.
— Mais ou menos.
Silêncio.
Aurora pegou uma maçã e se encostou na bancada.
— Você... se arrepende de ter ficado com meu pai?
A mãe ergueu os olhos, surpresa com a pergunta.
— Por que isso agora?
— Sei lá. Tô tentando entender como as pessoas escolhem umas às outras. E como decidem quando