O dia seguinte chegou sem avisar — como sempre. Aurora acordou com uma sensação estranha no peito, como se tivesse esquecido de fazer algo importante, mas não soubesse exatamente o quê.
A conversa com Davi ainda martelava em sua mente. O beijo. A vulnerabilidade. A confissão. Tudo foi intenso e ao mesmo tempo silencioso, como se parte deles tivesse sido dita sem palavras.
Na escola, o ambiente parecia mais frio do que o normal — não pela temperatura, mas pelas pessoas. Alguns colegas que costumavam sorrir agora desviavam o olhar. Helena ainda não tinha voltado. O grupo dela estava mais contido, como se algo tivesse quebrado por dentro.
Durante o intervalo, Aurora sentou sozinha no canto do pátio. Observava os outros conversando, rindo, vivendo vidas que pareciam tão simples por fora. Ela se perguntava se todos ali estavam apenas disfarçando, como ela.
Uma notificação vibrou no celular.
Era uma mensagem de um número desconhecido.
Desconhecido:
“Você sabe que tá se queimando com esse re