A tarde começou sem grandes promessas. O dia se arrastava entre e-mails automáticos e planilhas sem fim, e eu já contava os minutos para o fim do expediente desde as duas da tarde. Rafael passou pela minha mesa e deixou um chocolate em cima da minha agenda com um bilhete: "Pra te impedir de surtar até as 18h". Sorri sozinha. Era bom ser vista, mesmo nos detalhes pequenos.
Mas o que eu queria mesmo era um tempo comigo. E, talvez, com uma fatia de torta e um café bem feito.
Foi assim que, no final do dia, me vi mais uma vez empurrando a porta da confeitaria. O sino tilintou com seu som familiar, e Liam ergueu os olhos como se já soubesse.
— Vai querer o de sempre ou se reinventou hoje?
— Surpreendentemente, quero... o de sempre mesmo. — Ri.
Ele assentiu com um sorriso e seguiu para o balcão. Me sentei na mesa perto da janela, onde a luz do fim da tarde entrava em listras suaves, dourando o tampo de madeira antiga.
Eu gostava daquela mesa. Gostava do ritual. O pudim, o capuccino co