Lorenzo saiu do escritório pouco depois, me deixando sozinha com os meus próprios pensamentos — o que talvez fosse mais perigoso do que qualquer conversa mal resolvida.
"Uma viagem", ele disse. Como se tirar uns dias fosse suficiente pra silenciar tudo que pulsa aqui dentro. Como se colocar quilômetros entre mim e a minha rotina bastasse pra entender o que, exatamente, está se desenrolando dentro de mim.
Mas talvez ele tenha razão.
Eu não lembro a última vez que pensei em mim mesma com calma. Tudo gira em torno de Yves — e ainda bem. Ele é a âncora, meu pequeno sol particular. Quando acordo com o choro dele, eu não reclamo. Quando perco o sono vigiando sua respiração, é como se minha própria alma encontrasse sentido.
Mas sou mais do que mãe. E ultimamente, esse “mais” anda me assombrando.
Penso em Lorenzo, na proposta, nas entrelinhas. Penso em como ele tem sido paciente, presente, cuidadoso. Mas penso, também, em como ele nunca força. Nunca invade. Sempre espera. E às vezes eu queria