Acordei com o som das ondas. A janela escancarada deixava entrar a brisa salgada, e o cheiro do mar parecia abraçar cada canto do quarto. Por um momento, fiquei ali, de olhos abertos, observando o teto branco com os feixes de luz dançando nas paredes. Yves dormia ao meu lado, seu corpinho pequeno enroscado em mim como se fôssemos parte um do outro.
Ele sempre dorme assim, com a mãozinha no meu peito, como se quisesse garantir que meu coração continue batendo só pra ele.
Beijei de leve sua testa, tentando não acordá-lo, e fui até a varanda. A praia se estendia dourada e deserta, o céu ainda com resquícios de rosa. Respirei fundo. O ar dali parecia diferente. Mais leve. Mais antigo.
Ou talvez fosse eu que estivesse diferente.
Desde que Lorenzo propôs a viagem, algo dentro de mim começou a se mexer. Não foi imediato, não foi gritante. Foi sutil, como a maré que recua devagar antes de avançar com força. E agora, aqui, longe da cidade, da rotina, do barulho... eu consigo escutar esse chama