Os dias após a visita inesperada dos pais de Luna passaram como se o tempo tivesse desacelerado. Ela voltava à rotina, mas com o coração pesado. Esperava que, ao fechar a porta na cara deles, tivesse encerrado o ciclo. Mas fantasmas do passado raramente aceitam um ponto final.
Na segunda-feira, Luna acordou antes do despertador. Se vestiu com cuidado — calça preta de alfaiataria, blusa vinho e blazer leve — tentando passar uma firmeza que não sentia por dentro. Sophia ainda dormia, os traços suaves no rosto, os cabelos espalhados no travesseiro. Luna a observou por alguns segundos antes de sair sem fazer barulho.
A empresa estava em silêncio naquela manhã. Bruno trabalhava concentrado em sua estação; Letícia organizava documentos para a reunião de equipe. Tudo parecia normal — até que Luna ouviu a recepcionista chamando seu nome com uma voz hesitante.
— Senhorita Ferreira… tem um casal aqui dizendo que são seus pais. Estão esperando na recepção.
Luna parou no corredor, como se tiv