Quase quatro anos se passaram desde que deixaram Luna para trás. A decisão havia sido tomada com a promessa de que era para o bem dela, que seria melhor assim, que um dia ela entenderia. Mas a verdade era outra. Estavam cansados. Cansados da responsabilidade, das cobranças da adolescência precoce da filha, do peso que era manter uma casa enquanto o casamento se desfazia por dentro. A fadiga havia se tornado uma companheira constante, uma sombra que os seguia em cada passo.
Foram para Portugal com passagens parceladas e promessas vazias de uma vida nova. Os primeiros meses foram de tentativa. Trabalhos temporários, um aluguel minúsculo em Lisboa. Viveram como nômades urbanos, sempre um passo atrás dos boletos. Ele tentou ser motorista de aplicativo, ela limpava casas e cuidava de idosos. Mas nada estabilizou. As dívidas se acumularam. As brigas se intensificaram. O silêncio entre eles se tornou mais eloquente do que qualquer palavra.
Por um tempo, cogitaram voltar — mas o orgulho sempr