A Promessa Silenciosa
ISABELA
Na segunda-feira, o cheiro das margaridas frescas foi a primeira coisa que me puxou de volta à realidade. A floricultura parecia mais viva que o normal, as cores mais vibrantes, os aromas mais intensos. Era como se cada pétala, cada folha, percebesse a calma nova que eu carregava no peito. Talvez fosse o toque breve, mas carregado, da mão dele no sábado.
Ou o silêncio denso, cheio de significados, depois que Rita se afastou, deixando um rastro estranho no ar.
Talvez fosse só eu, finalmente começando a me sentir… inteira de novo, depois de tanto tempo.
Ajeitei os buquês na vitrine com um cuidado quase obsessivo, alisando pétalas imaginárias, como se a perfeição das flores pudesse refletir essa calma que florescia em mim. Dona Lurdes ainda não tinha chegado, então aproveitei o silêncio da manhã para reorganizar as gérberas em um arco-íris de cores, alinhar as orquídeas brancas como neve e tentar espantar os pensamentos que insistiam em rondar minha mente — o