— Bem, eu vou indo antes que Rafael venha me procurar — falei, sentindo a urgência em cada sílaba, meus passos já direcionados à porta entreaberta do quarto de Camile. Precisava de ar, de tempo para processar aquela bomba e, principalmente, para pensar em um plano.
— Tá bom, e muito obrigado por guardar o meu segredo e me ajudar — ela respondeu, a voz quase um sussurro, os olhos fixos no chão como se o mármore frio contivesse todas as suas vergonhas. — Eu mudei a impressão que eu tinha de você. — Aquelas palavras, vindas dela, foram um pequeno alívio em meio ao turbilhão.
Dei-lhe um último aceno, um misto de alívio por sua confiança e uma preocupação crescente pela sua situação. Saí do quarto, mas meus olhos se arregalaram em choque, meu coração dando um salto triplo. Lá estava Rafael, parado do lado de fora, com os braços cruzados sobre o peito musculoso, uma expressão séria e indomável em seu rosto. O ar ao redor dele parecia vibrar com uma tensão contida.
Ele não disse uma palavra.