Mundo ficciónIniciar sesiónCapítulo 3
JACE chegou do trabalho exausto. O dia dele foi um turbilhão de compromissos e demandas. Entre uma audiência e outra, o tempo parecia escorrer pelos dedos. À frente do escritório Jonker Advocacia, ele carregava mais responsabilidade do que a maioria dos homens da sua idade. Tornou-se um advogado conhecido, requisitado, respeitado. Tudo o que queria naquele momento era um banho quente e a própria cama. Mas era o aniversário de Emily. E faltar não era uma opção. No intervalo do trabalho, havia passado em uma joalheria quase sem pensar. Entre tantas peças caras e chamativas, um colar simples chamou sua atenção: um pequeno trevo da sorte. Delicado, discreto… tinha a cara dela. Comprou sem hesitar. Tomou um banho rápido, vestiu uma camisa social escura, deixando os primeiros botões abertos, ajeitou o relógio no pulso e seguiu para o salão. Ao entrar, precisou conter a surpresa. O lugar estava completamente decorado — do teto ao chão. Balões dourados e prateados, luzes espalhadas por todo canto, música alta vibrando no peito, fumaça saindo da frente do palco. O salão estava cheio demais. Jace arqueou uma sobrancelha. Não era exatamente o que ele esperava para uma festa da Emily. Ela provavelmente não conhecia nem um terço daquelas pessoas. Seus olhos percorreram o ambiente, procurando por ela. Antes, porém, notou o que já estava acostumado a perceber: olhares, Muitos deles. Ele sempre chamava atenção por onde passava — pela aparência, pelo porte confiante, pelo status de solteiro cobiçado. Ainda assim, nenhuma mulher jamais despertara algo que ele pudesse chamar de amor. Jace se envolvia aqui e ali, mas nunca além de uma noite. Não repetia, não criava expectativas, não iludia. Sempre deixava claro que não queria nada sério. Sua carreira vinha em primeiro lugar. Romance exigia tempo, e tempo era algo que ele não tinha. Por um período, chegou a pensar que talvez tivesse se apaixonado por Beck — uma loira linda que conheceu tempos atrás. Foi a primeira mulher com quem ficou mais de uma vez. No fim, percebeu que era apenas atração. Nada além disso. Eles ainda se encontravam de vez em quando. Beck era a única que conseguia convencê-lo com facilidade. Jace ignorou os olhares e foi até Richard e Helena. Helena o recebeu com o carinho de sempre. Foi ela quem o criou. Jace perdeu a mãe ainda bebê, e Helena se tornou sua referência de amor materno. Richard, por sua vez, o observava com orgulho — orgulho do filho responsável que ele se tornou. Então Jace a viu. No fundo do salão, distraída, comendo um docinho. Emily. Ela estava linda. O vestido prateado realçava suas curvas de um jeito que fez Jace engolir em seco. Os cabelos presos em um coque frouxo, algumas mechas soltas emoldurando o rosto. Por um instante, seu coração falhou uma batida. Ela tinha crescido. E se tornado exatamente o tipo de garota que Jace jamais deveria desejar. Emily era encrenqueira, respondona, adorava uma confusão. Tinha o dom de tirá-lo do sério com o jeito mandão e teimoso. E justamente por isso… chamava tanto sua atenção. O pior de tudo era que ela fazia parte da família. Era impossível se afastar. Impossível ignorar. Quando Jace se aproximou, Emily ergueu o olhar. Os olhos verdes o seguiram de um jeito diferente dos outros. Não era desejo explícito, nem admiração vazia. Era algo que ele não soube definir. Ele lhe entregou o presente. O sorriso dela ao abrir a caixinha fez todo o cansaço do dia desaparecer por alguns segundos. Ele até pensou em dançar com ela. Quando Emily o convidou, não recusaria. Era o aniversário dela. Mas então Beck apareceu. Linda como sempre. Jace estava pronto para rejeitar o convite tentador da loira. Emily vinha em primeiro lugar. Sempre vinha. Só que, para sua surpresa, foi Emily quem se afastou, dizendo para ele aproveitar a noite. A frustração veio imediata. Ele estava ali por ela. Apenas por ela. E, mesmo assim, Emily correu — como sempre — para Adrian. O irmão da bagunça. O que combinava com o caos dela. Jace dançou com Beck. Depois outra música. E mais outra. Quando parou, mal conseguia respirar com tantas garotas à sua volta. Ainda assim, sentia. Os olhares de Emily nele. — Por que você não para de me olhar, Parker? — pensou, irritado consigo mesmo. — Foi você quem me deixou aqui pra curtir com o Adrian. Então seu sangue ferveu. O coração disparou quando viu Adrian puxar Emily pela cintura, colando perto demais. Jace não entendeu de onde vinha aquela raiva súbita. Só sabia que a vontade era atravessar a pista, afastar o irmão e tirar Emily dali. Mas não podia. Emily era problema. E sentir qualquer coisa por ela só significaria uma coisa: Ele acabaria quebrando a cara. No fundo, parecia óbvio. Emily e Adrian acabariam juntos.






