Mundo ficciónIniciar sesiónCapítulo 4
Emily se afastou alguns passos, ainda sentindo o peso das palavras de Adrian ecoando na cabeça. — O quê? Claro que não — disse, rápido demais, como se precisasse convencer a si mesma. — Eu não tô afim do Jace. O sorriso que tentou sustentar saiu torto, sem graça. — Mas… — continuou, confusa. — Eu não entendi essa parte. Por que seria uma pena? Ela ergueu o olhar para Adrian, buscando uma explicação. Não teve tempo. Ele se inclinou de repente e a beijou. Foi desajeitado. Inesperado. E, para Emily, completamente sem sentido naquele primeiro instante. Quando o beijo terminou, Adrian a encarou com um sorriso travesso, piscou como se tivesse acabado de ganhar um jogo e saiu em direção ao bar para buscar bebidas. Emily ficou ali, parada. Piscou algumas vezes, tentando organizar os pensamentos. Desde quando Adrian tinha se interessado por ela desse jeito? Como ela não tinha percebido antes? Um calor estranho subiu-lhe ao rosto. — Meu Deus… — murmurou, antes de sorrir sozinha. O resto da festa passou rápido demais. Emily ficou ao lado de Adrian, rindo, dançando, se deixando levar por aquela novidade que ainda não sabia nomear. Mas algo a incomodava. Jace. Ele não a olhava. Parecia irritado, distante, como se estivesse em outro lugar. Não demorou muito para que Emily o visse sair do salão, acompanhado de Beck. Uma pontada atravessou seu peito. Adrian a puxou pela cintura, roubando-lhe outro beijo, afastando seus pensamentos. Assim, passaram a noite entre beijos escondidos, longe dos olhares atentos de Richard e Helena. — Como seu pai não viu isso? — sussurrou Emily entre um beijo e outro. — Ainda bem, né? — respondeu Adrian, rindo baixo. Emily respirou fundo antes de falar o que realmente importava. — Eu não vou ser só mais uma das suas peguetes, Adrian. Ele a olhou sério pela primeira vez naquela noite. — Não é isso — disse. — Eu só não quero escutar os discursos do papai agora. — Eu não quero enrolação pra minha vida — continuou Emily. — Se for isso, nem começamos. Não vou estragar nossa amizade por algo vazio no futuro. Adrian ficou em silêncio por alguns segundos. — Eu quero namorar com você — disse, por fim. — Casar… quem sabe construir uma família. Mas preciso de tempo, Emy. Pra falar com o papai. Ela o observou com atenção. — E as garotas com quem você fica? — Acabou. Eu juro — respondeu, antes de beijá-la novamente. Emily se afastou um pouco, encarando-o, desconfiada. — Vamos ver onde isso vai dar, então. No fundo, ela não sabia se estava começando algo novo… Ou se estava entrando em uma confusão maior do que ela esperava. Os dias foram passando depois da festa. Emily e Adrian estavam cada vez mais próximos. Ela nunca tinha imaginado se envolver com ele daquela forma, mas agora que estavam juntos, se permitia gostar. Estava curtindo aquela nova versão da própria vida — e ter Adrian ao seu lado estava sendo surpreendentemente bom. Mesmo assim, algo insistia em incomodá-la. Ela não via mais Jace. Depois do aniversário, ele havia se mudado de vez para uma casa mais afastada. Não aparecia nos almoços, nem nos jantares em família. Sua ausência era sentida, mesmo quando ninguém comentava sobre isso. Emily tentava racionalizar. Jace sempre foi focado. Administrar Jonker o escritórioda família exigia tempo, dedicação e responsabilidade. Se estivesse no lugar dele, provavelmente faria o mesmo. Agora que completou dezoito anos e estava terminando o terceiro semestre na faculdade de Advocacia, um novo pensamento começava a ganhar forma. — Eu posso estagiar no escritório do meu pai… — refletiu em silêncio. — E, no futuro, me tornar uma advogada conhecida. Como foi seu Pai um dia. Um sorriso discreto surgiu em seus lábios. A melhor pessoa para ajudá-la nesse caminho seria Jace. Mas ele estava distante demais. Tão distante que, naquele momento, parecia mais fácil conversar com Richard do que tentar atravessar o silêncio que Jace havia construído. Emily suspirou. Sem saber que, enquanto ela tentava seguir em frente… A distância de Jace só tornava tudo ainda mais complicado.






