Tempo Que Não Voltava Mais.
O relógio marcava 6h42 da manhã quando Gabriel entrou em seu escritório no 12º andar do Hospital Alencar. As janelas de vidro revelavam uma vista ampla da cidade, ainda acordando sob o céu acinzentado. O silêncio ali dentro contrastava com o ritmo frenético dos corredores lá embaixo, onde as emergências não tinham hora para chegar.
Gabriel vestia um terno escuro, camisa branca e uma gravata sem qualquer padrão. Tudo nele parecia sóbrio, prático, funcional — como se estivesse sempre pronto para resolver um problema. E ele quase sempre estava.
Desde que assumira a diretoria do hospital da família, havia pouco espaço para hesitação. A transição de médico promissor para gestor respeitado havia sido rápida — rápida até demais, diziam alguns. Mas ninguém podia negar sua competência. Nem sua frieza.
Sentou-se à mesa com o café ainda quente à sua frente, e abriu o notebook. A agenda do dia estava cheia, como sempre: reuniões com o conselho, análise de relatórios, dois contratos pendentes com