Layla
Cafés sempre foram meu refúgio favorito. Xícara quente, conversa morna, pessoas distraídas com a própria vida. Café é vida. Escolhi uma mesa perto da vitrine, o sol filtrado em faixas, e tentei convencer meu coração a caminhar no mesmo passo do relógio da parede.
Soraya chegou primeiro, como tinha combinado. Vestido justo, sorriso de propaganda, perfume que entra antes dela.
— Amiga! — Ela me abraçou forte demais, como se quisesse me dobrar ao meio — Que saudade.
— Senta. — Apontei a cadeira — Você pediu capuccino?
— Pedi pra nós duas. — respondeu, doce — Eu sei o seu gosto. Sempre soube.
Fiquei calada. Ela cruzou as pernas, inclinou-se sobre a mesa.
— E então… como está o amor? — A pergunta veio como quem joga um anzol.
— Trabalhando. — respondi — Dormindo pouco. Todos nós.
— Eu falei do amor, Lay. — Ela mordeu o canudo com malícia — Como você e o Bart estão? Firmes?
— Por que não estaríamos?
— Ah, não sei. — Riu baixo — Ele anda tão… ocupado.
— Ocupado não é sinônimo de culpad