Layla
Saí do café com o coração batendo na boca e a pergunta grudada no paladar. Por que o algoz parece mais real do que o homem que eu amo? O sol, do lado de fora, me feriu como castigo para uma pecadora compulsiva.
Eu precisava de silêncio. Eu precisava de uma porta fechada.
Subi as escadas do meu prédio contando degraus… um, dois, três, como se números fossem antídotos. Abri as três fechaduras, entrei, encostei a porta, soltei a bolsa no sofá e encostei a testa na madeira.
Duas batidas pausadas.
Meu corpo cansado supôs a resposta mais óbvia.
— Bart, eu não… — Abri, irritada — Eu preciso ficar sozinha.
Não era Bart.
Era o erro que eu conheço pelo cheiro.
Kaleo estava no corredor, mãos nos bolsos, o mesmo terno do café parecendo outra pele.
— Não. — Cruzei os braços — Você também não. Vai embora.
— Você me convidou para um café. — ele disse, calmo — Saiu sem falar a verdade. Eu vim ouvir o que você queria… e o que não teve coragem de dizer na frente de Bonnie e Clyde.
— Você é surdo