O endereço ficava num estacionamento subterrâneo, três níveis abaixo da rua, onde o ar cheirava a borracha e gasolina velha. Valentina dirigiu o hatch anônimo até a vaga 32. No porta-malas, a maleta fina com fecho numérico — “carga” de experimento como Victor informou. Não era o que levavam; era o que sabiam. Fórmula nova, mais potente, mais viciante.
Ela conferiu o retrovisor, repetindo as regras: chegar no horário, não negociar, não aceitar mudança de local, não entregar antes de ver a contrassenha. O coração batia no ritmo dos passos que ecoavam ao longe.
Dois homens surgiram da penumbra. Ternos baratos, olhares rápidos demais. O mais alto falou primeiro: — A maleta?
— Contrassenha — devolveu, firme.
Ele hesitou um segundo, depois: — Véu de Vênus.
Valentina destravou a maleta, sem abrir. — Resposta?
O segundo homem, o de barba rala, arriscou: — Círculo completo.
Certo. Ela pousou a maleta sobre o capô, girou o código, mas manteve a tampa fechada. — Mudaram o horário.