A manhã estava nublada quando Helena chegou à antiga biblioteca municipal. O prédio, agora desativado, estava em reforma, mas a parte central ainda permanecia acessível. Era ali que Henrique havia marcado o encontro.
A arquitetura envelhecida trazia lembranças que apertavam o peito de Helena. Ali, sua mãe lia histórias para crianças, organizava eventos culturais e sempre dizia que livros eram o único lugar onde a verdade não podia ser corrompida.
Ela entrou devagar, o som dos passos ecoando no silêncio.
Henrique já a esperava. Sentado em uma das mesas de leitura, os ombros caídos, as olheiras profundas.
— Senti que não viria — disse ele ao vê-la.
— E perder a chance de entender por que estão me ameaçando? Nunca.
Henrique passou os dedos pelos cabelos ralos e entregou a ela uma pasta.
— Isso é apenas parte do que eu guardei. Os relatórios fiscais adulterados, ordens de pagamento falsas, empresas fantasmas... tudo assinado por Carlos Ferraz. Mas o nome que você não vai encontrar nos doc