Os dias se estendiam em uma tranquilidade que Isadora jamais imaginou possível. O sítio tinha se ajustado ao ritmo do corpo dela, e ela, ao ritmo da terra. O tempo, antes dividido entre urgências e prazos, agora se media por outros sinais: o sol nascendo atrás do morro, o canto do sabiá anunciando a tarde, o cheiro da lenha queimando quando a noite se aproximava.
Na varanda, o balanço que Rafael construíra com tábuas antigas tornara-se o ponto favorito da casa. Era ali que ela passava as primeiras horas do dia, com os pés descalços e o olhar perdido no rio. O vento soprava do sul, e cada rajada parecia apagar um pouco mais da dor antiga. Já não havia fantasmas rondando a memória — apenas lembranças distantes, suavizadas pelo tempo.
Rafael havia trazido sua vida para perto. Dividia o tempo entre o jornal local, onde escrevia pequenas crônicas sobre o interior, e o sítio, onde sempre encontrava pretexto para mexer em algo: um reparo, uma cerca, uma muda nova de árvore. A convivência ent