Era como cair para dentro de um espelho que não refletia nada.
Elô gritou, mas nenhum som saiu.
O ar era espesso, como se estivesse sendo sugado para dentro de sua própria mente.
O chão desapareceu.
O teto, também.
Não havia cima, nem baixo.
Apenas um vácuo preenchido por fragmentos de vozes que ela não reconhecia — mas que pareciam lhe pertencer.
“Não fale agora, Elô.”
“Você está exagerando.”
“Meninas não sentem isso.”
“Não foi tão ruim assim.”
Vozes com cheiro de repressão, tom de educação polida e o peso de quem mandava calar.
🜋
Quando seus pés finalmente tocaram o solo, Elô se viu em uma versão distorcida da antiga casa de sua infância.
Mas tudo ali estava... errado.
As cores eram dessaturadas, quase cinzas.
Os móveis estavam cobertos por lençóis brancos.
Fotos na parede tinham os rostos borrados.
Havia uma caneta azul girando sozinha sobre uma escrivaninha.
E, em cima da mesa da sala, um caderno de capa preta com seu nome riscado.
— “Esse lugar… eu conheço…” — murmurou.
Mas sabi