O peso da nova esfera quase fez Elô cair de joelhos.
Não era só mais densa.
Ela era feita de dor.
Não a dor súbita de um corte, nem a gritante de uma perda.
Era a dor muda, constante, que cava silenciosamente buracos dentro da alma.
Era a dor da invisibilidade.
Elô segurou a esfera com as duas mãos.
Ela pulsava, viva, como um coração rejeitado.
E então… ela quebrou.
Não como vidro.
Como uma bolha de memória que se desfaz com um suspiro contido por tempo demais.
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Tudo ao redor escureceu.
E diante de Elô surgiu uma cena que ela nunca tinha visto — mas que seu corpo reconheceu com um arrepio.
Era uma sala de estar comum.
Tapete bege.
Cortinas fechadas.
Uma poltrona encardida.
No meio dela, uma adolescente encolhida, abraçando os joelhos.
Seu rosto estava inchado de tanto chorar.
Ao seu redor, vozes.
Mas ninguém a olhava.
— “Ela só quer chamar atenção.”
— “De novo esse drama todo.”
— “Isso é fase, depois passa.”
— “Você vai acabar estragando a própria vida se continuar com essa mania de