O som incessante do telefone na sala de Leonardo parecia um alarme de incêndio. Só que, desta vez, o fogo era real — e estava consumindo toda a reputação da família Ferraz.
Leonardo desligou mais uma ligação de um parceiro comercial em pânico. Suspirou, massageando as têmporas, antes de olhar para Helena, que estava sentada no sofá da sala, com as pernas cruzadas, observando tudo com um misto de serenidade e determinação.
— Eles estão em colapso. — ele anunciou, secamente. — O conselho da Ferraz Empreendimentos está pressionando Carlos. A empresa perdeu três contratos milionários só hoje.
Helena manteve o olhar fixo em um ponto qualquer da janela, antes de responder:
— Não sinto pena. Por anos, eles me usaram, me humilharam, me descartaram. Agora eles sabem como é perder algo precioso.
Leonardo se aproximou, apoiando as mãos no encosto do sofá, inclinando-se sobre ela. — Você não sente nem um pouco de culpa, sente? — perguntou, quase provocando.
Ela ergueu os olhos, frios, decididos.