O amanhecer trouxe pouco alívio. O sol mal tocava as pedras frias da fortaleza quando o monge os reuniu no pátio interno. O silêncio que antecedia o treino era pesado, como se até o vento temesse cruzar aquele espaço.
Elô ainda sentia o corpo enfraquecido pela noite anterior. Seus dedos tremiam, a pele fria. Clara insistira para que ela descansasse, mas o monge fora categórico: “Não há tempo para repouso. A sombra não espera.”
Ele a observava agora, os olhos profundos como se sondassem cada fissura da alma dela. — Está pronta?
Elô hesitou. A sombra dentro dela parecia pulsar em resposta à pergunta, como se risse de sua insegurança. Mesmo assim, ela assentiu.
O monge deu um passo à frente e ergueu o cajado. — Então vamos começar.
De repente, a energia no pátio mudou. O chão vibrou, fissuras se abriram, e das rachaduras brotaram formas de sombras, criaturas sem rosto, olhos ardendo em brasas. Eram múltiplas, rastejantes, cada uma projetando um medo íntimo.
Clara ofegou. — Isso é perigos