A madrugada caía silenciosa sobre a fortaleza, mas Elô não conseguia dormir. As palavras do monge ecoavam em sua mente como marteladas: “A escuridão já a escolheu como receptáculo.”
Ela andava de um lado para o outro no quarto, a respiração entrecortada, como se o ar ali fosse denso demais.
Clara, exausta, dormia num canto. Miguel, inquieto, ainda estava desperto. Ele a observava em silêncio, a preocupação marcada em cada traço de seu rosto.
— Vai acabar se desgastando desse jeito — murmurou ele, erguendo-se. — Você precisa descansar.
Elô girou bruscamente para ele, os olhos faiscando em algo que nem ela mesma compreendia. — Descansar? Como se eu pudesse simplesmente fechar os olhos e esquecer que... que existe algo dentro de mim querendo me consumir?
O tom dela era mais duro que o normal, e Miguel recuou um passo, surpreso. Elô logo percebeu a própria reação, mas ao tentar se recompor, ouviu em sua mente um sussurro abafado, como uma voz distante, mas íntima:
“Não lute contra mim. Eu