O domingo amanheceu abafado, com o vento trazendo um calor estranho, daqueles que anunciam tempestade. Isadora acordou cedo, o corpo ainda cansado, mas a mente alerta. Sentia que algo estava para acontecer, não pelas palavras escritas em bilhetes ou pelas matérias publicadas, mas pelo silêncio que vinha depois deles. Gabriel já não possuía máscaras suficientes para sustentar sua farsa, e isso o tornava mais perigoso.
Na livraria, o dia começou em ritmo lento. O gerente e os funcionários mantinham o olhar atento, Rafael circulava pelas estantes com o cuidado de quem pressente movimento. As vozes dos clientes chegavam como música de fundo, mas havia tensão na melodia. A praça da véspera ainda reverberava, mas o vazio que Gabriel deixara em sua ausência era inquietante.
Foi no meio da manhã que o confronto começou. A porta se abriu com violência, e Gabriel entrou sem disfarce, sem ternos claros impecáveis, sem sorriso estudado. O rosto trazia as marcas da fúria contida, os olhos queimava