As palavras do advogado ainda ecoavam na mente de Helena, mesmo depois de tanto tempo. Por mais que quisesse, esquecer aquela cena era impossível. Ela se sentou na poltrona de seu escritório, encarando a janela, enquanto as lembranças invadiam sua mente como um filme cruel que insistia em se repetir.
Foi logo após as prisões. Por alguns dias, ela acreditou que, finalmente, a justiça havia sido feita. Mas a ilusão durou pouco.
"Diante dos argumentos da defesa, este juízo entende que não há elementos suficientes para manter a prisão preventiva dos réus..."
A voz do juiz soava fria, impessoal, carregada de burocracia. Ela se lembrava perfeitamente do tom debochado dos advogados de Carlos Ferraz enquanto listavam os argumentos.
— São empresários de reputação ilibada... — dizia um deles, sem nem disfarçar o desprezo por Helena. — Nunca tiveram qualquer antecedente. São pais de família, contribuintes exemplares, com raízes sólidas na cidade. Não oferecem risco à sociedade, tampouco às inves