A manhã parecia mais clara do que nos dias anteriores. Isadora caminhava até a livraria com passos firmes, quase como se carregasse uma nova energia. O encontro inesperado com Gabriel ainda queimava em sua mente, mas o fato de tê-lo enfrentado sem ceder a devolvia uma confiança inédita. Ela não era mais a mesma mulher que antes aceitava em silêncio os golpes da vida. Agora, cada escolha era uma afirmação de si mesma.
Ao chegar à livraria, foi recebida pelo gerente com um aceno discreto. Já se acostumava com a rotina: limpar, organizar prateleiras, atender clientes curiosos. Mas naquele dia, seu olhar foi atraído para uma mesa próxima à vitrine. Rafael estava ali, novamente, folheando um livro de capa azul. Quando a viu, sorriu com naturalidade, como se aquele fosse o lugar dele — esperar que os caminhos deles se cruzassem.
— Bom dia, sobrevivente — brincou, fechando o livro. — Está cada vez mais firme por aqui.
Isadora retribuiu com um sorriso tímido. — Bom dia. Sobrevivo um dia de ca