O silêncio que tomou conta da casa depois da batalha era pesado, quase sufocante. O chão estava coberto de sangue e destroços, o cheiro metálico impregnado no ar. Miguel havia carregado Elô até um quarto improvisado, deitando-a sobre um colchão gasto, enquanto Clara tentava limpar os cortes de seu corpo.
Elô estava imóvel, a respiração fraca, o suor frio escorrendo pela testa. Mas, por dentro, o caos continuava.
Na mente dela, não havia descanso. Apenas ecos.
“Você pertence a nós...”
“Sem nós, você é fraca...”
“Deixe-se consumir, e ninguém poderá te derrotar...”
As vozes sussurravam como serpentes, preenchendo cada espaço vazio de sua consciência. Algumas pareciam suaves, quase protetoras, como se a convidassem a confiar. Outras eram ríspidas, autoritárias, exigindo submissão.
Elô tentou gritar, mas não havia som. Era como estar presa em um abismo sem fundo, agarrada apenas à tênue lembrança de quem ela era.
— Ela está ardendo em febre — Clara disse, colocando um pano úmido na testa d